24 de maio de 2007

E ... (a gente bebia no Lamas)
E foi assim.
Ontem fui ver "Lisbela e o prisioneiro" e achei tão fofo quanto a peça.
Rodriguinho chorou e tudo.
Mas menas, menas, menas.
Será mesmo possível amar à primeira vista? Meus amigos se dividem entre os indisfarçáveis otimistas que juram que, sim, ama-se à primeira vista e isso não é paixão, não. Outros (e até poetas) acham que, à primeira vista, só paixão.
Amor é coisa mais séria, mais intensa, menos fugidia.
O curioso de Lisbela, uma bobagem simpática sobre o amor e as criaturas, é um pouco menos perceptível: o poder de sedução das palavras.
Uma vez escrevi que tinha uma quase obsessão em conhecer as pessoas, saber de suas vidas, o que pensam das coisas, mesmo que a intenção fosse apenas ir para cama numa one-night-stand. Me encanta a sedução das palavras.
No colégio, adorava as aulas de interpretação de texto e fico triste ao descobrir que 60% dos alfabetizados no país não conseguem interpretar um texto, destrinchar o significado das palavras amontoadas numa frase. As frases em parágrafos, as idéias, enfim.
E daí me ocorre o seguinte: se 60% não conseguem interpretar um texto, como esperam conhecer verdadeiramente alguém? Será que contam com o instinto? Ou com momentos de sexo eternos que dispensem palavras depois? E daí, já no limite da irresponsabilidade (a lôka), me pergunto: e se a gente conseguir que mais pessoas tenham cérebro suficientemente ativo e desenvolvido para interpretar com o mínimo de coerência um texto simples, será que não conseguiríamos aprofundar o nível dos relacionamentos pessoais?
Menas, Scofield...
Você entende um tico de semiótica e já quer cruzar Sausurre com psicanáise.
Eu, hein...


Texto de Gilberto Scofield

Um comentário:

Denise S. disse...

e não é que às vezes alguém nos surpreende positivamente?
ou será menas, Denise, menas?
hum...