21 de julho de 2008

Musa

6 anos. Esse é o tempo em que eu escrevo nesse blog. Tudo começou porque a Renata gostava dos e-mails que eu mandava pra ela. Ela, aficcionada pela leitura de blogs maravilhosos, achou que eu deveria ter um e dizer pra mais gente o que eu dizia pra ela. Eu hesitei, nem sabia o que era um blog na verdade. Só conhecia um bombado ali, um fervido aqui. Eu era alheio a essa nova tecnologia internética. Mas num belo dia, de um verão mágico, eu conheci o Robi (o italiano) e minha vida começou a mudar. Todo aquele blá, blá, blá de descobertas que vocês já leram no passado foi pra mim muito importante e fundamental para brotar a necessidade de compartilhar minha nova visão de mundo com os outros. Talvez encontrar gente pra visualizar o que eu estava sentindo, um quê de identificação, sabe? E daí nasceu o Club (jeitinho íntimo pra chamar o extenso Santo Mário Social Club). No começo foi festa. Muitas idéias, textos que brotavam de um céu azul como o da vista da linha vermelha e as possíveis balas perdidas traçando o firmamento até a bolsa nova de Paty Pinto e a dialética do consumo. Ispiração total. Foi um verão de março, delicioso. Toda noitada merecia uma versão explícita para os leitores do Club; com detalhes picantes, bicos de seios masculinos, drinks destilados, luzes estroboscópicas, literaturas nobres e versinhos rasteiros permeavam as páginas do blog. Era uma maravilha. Conheci gente que nem imaginava conhecer, contatos que só a internet pode proporcionar - e que devidamente, `as vezes, só permanecem por lá - .
Pra se ter uma idéia, eu conheci um cara de quem eu era fã. Imagina só. Eu lia mensalmente os artigos de um tal de Gilberto Scofield Jr. na deliciosa Sui Generis (extinta revista "pseudo-cult" para bibas idem) e jamais imaginei que seria amigo lido por ele tempos depois. Eu adorei esse lance de quase celebridade ordinária/comum que tem seus textos lidos por gente que não faz parte do círculo pequeno de amigos conectados. Era demais. Era? Não. Continua sendo. E tenho divagado muito em minhas noites de insônia sobre isso. Eu adoro escrever e é por isso que resolvi continuar com esse blog apesar das crises existenciais pela qual todo blog passa. É isso mesmo gente, um blog também tem sentimentos além das gracinhas e dos confetes. Foram poucas mas substanciais crises. Os temas, dessas crises incontestáveis, variam de tempos em tempos, porém o mais freqüente é a inspiração versus obrigação. Acreditem. É a tal da auto cobrança. Do achismo do achismo, sacou?! Por isso tenho pensado tanto, nela, nos últimos tempos. Pensando na existência de uma musa inspiradora. Num ícone que me transporte à idéias banais ou complexas mas que surtam efeito. É isso! Preciso de uma musa. E que fique bem claro que precisa ser musa mesmo, do gênero oposto àquele que eu tanto gosto. Algo ou alguém que debata comigo de sol a sol, na varanda e no chuveiro. Quero uma musa sem o estígma da fada. Não quero a musa de "Alice" do Woody Allen. A menos que eu esteja em Manhattan. Dizem que o amor pode ser a grande musa de alguém. Já tive um grande amor, que percorreu os meus pensamentos a todo instante, mas no meu caso o amor é matéria de outras instâncias. Dizem também que a tristeza ladeada por blues e jazz pode ser ótima musa inspiradora. Tenho medo de me arriscar com essa aí porque a tendência depressiva está a dez metros de distância mas sempre rondando. Então, fico assim, tentando estabelecer contato com a necessária musa inspiradora. Espero que ela chegue logo, antes do fim do tédio, numa tarde ensolarada com vista para os dois irmãos, num caminhar acelerado e com água de coco na mão.
Tô na sombra do posto 10, de boné e camiseta branca com uma inscrição que diz: musa?

Um comentário:

Anônimo disse...

Vou encomendar a minha camisa hoje!
saudades de você, meu lindo!