"Quem é você?" - Reeditado (Enquanto a inspiração não vem)

Num passado distante, no meio da tarde, num ótimo texto de um jornal velho, eu encontrei a seguinte pergunta: "Quem é você?"
Diretamente encaminhei a questão para um patamar maior. Voltei a ler o Pirandello e seu - 'Um, nenhum e cem mil'.
Eu sei, Renata sabe e minha mãe nota que eu não tô fixo ao hábito da leitura; começo e não termino. Falta foco, falta paz pra dedicação completa. Daí fico denunciado ao empobrecimento literário. Eu sou um homem que lê pela metade. Cruel, não acham?
Bem, me joguei no Pirandello mais uma vez e talvez agora com maior entusiasmo do que quando o Robi me intimou a ler o regalo dado por ele. Voltei ao existencialismo do Sr. Moscarda que jamais cogitou a idéia de que possuía um nariz torto.
Alternando os personagens...
Eu tenho uma vaga idéia de quem eu sou. Isso por enquanto me basta. Bastava, seria melhor! Sei que posso citar referências e características minhas que ajudariam a qualquer um a apontar o verdadeiro Mário. O Mário delas, na verdade. Mas o verdadeiro eu, como tenta explicar o Luigi, certamente não é o mesmo que vocês vêem. É preciso atentar para a possibilidade de não bastar a certeza de sabermos do eu, mas que o eu visto por outro é provavelmente alheio ao seu entendimento. Isso te incomoda?
Abissal. É um tema que requer uma profundidade de alma e talento literário que não me cabem. Tentar escrever sobre as minhas impressões diante do assunto é suicídio-social-blogueiro. E eu ainda não peguei o vírus do JXB (que nos abandonou para virar roteirista de sucesso na novela das 21h! Mas corre na boca miúda que ele citou Garbo dias atrás: " - Leave me alone!". Um luxo, vamos combinar?!).
Então sob essas circunstâncias delimitadoras, acho mais fácil expor o superficial, o fútil, o belo e todas as outras cores que me enlaçam. Aí vão:
Jovem carioca da gema com sotaque de não sei de onde; ator sem palcos e iludido; operário de gravadora independente mas com muito charme, aspirante a barbie; leitor assíduo da Folha; com celular de cartão (pai-de-santo, nos dias difíceis - só recebe); novo adorador das praias do Rio (de Ipanema pra lá, viu?! Conhecem a reserva?); fanático por três coisas que juntas formariam o elo do meu sucesso: man, money and movie; pouco viajante; quase religioso; não malcriado; fã da música de Madonna mais do que de Rufus Wainwright ultimamente; amante de poesia clássica - Baudelaire e poesia barata - François; com 29(digo - 25!?!) aninhos; comedor de pasta italiana; freqüentador da Lelê; na cama tudo vale; Herchcovitch, Fause, Yamamoto e McQueen são referências em estilo; bebedor de vinho tinto mais que de vinho branco; "Legalize já, uma erva natural não pode te prejudicar"; fico bem de branco azulado, cinza grafite e odeio laranja; moro com mamãe mas já tô pedindo arrego; Magnólia é o filme da minha fase mais importante; preparo drinks para mim mesmo no domingo; tomo banho à luz de velas nos sábados vespertinos; das lojas multi marcas eu prefiro... nenhuma; lírios brancos; amigo incondicional; espectador do saia justa e das meninas do sexo na cidade (múltiplas reprises); delicado mas dou porrada se ousam me insultar diretamente; pinto telas uma vez por ano; quero morar na europa ao fim da facul ; somatizo; amo design; estudo jornalismo; ainda quero entender o que é Maya; estou prometido; você é o cara?