My neighbours are fucking disco dancers
Olhares enviezados, medo contido e cadelas que latem de madrugada. Meus vizinhos me detestam. Detestam as minhas roupas bem cortadas, os meus óculos escuros, o som porrada-na-orelha que sai pelas frestas das portas e janelas lá de casa. Destestam o cheiro de incenso que vagueia pela Cachoeira do Mato e alerta que naquela casa - tô ocre! - habita um ser estranho. Um híbrido entre o desconheço e o já manjei. Sacou?
E tem sido assim a peleja de morar numa rua cheia de gente normal, suburbana de casas com telhados de barro e fofocas vespertinas.
Outro dia, num espasmo de felicidade, desses que dá na gente de vez em quando, eu preparei uma jarra de Hi-Fy (Uhmmm, não tô gostando disso! Sussurra Tia Alice, ajeitando o coque), acendi um cigarro, um incenso e comecei a ouvir um set de Ska no último volume com as janelas abertas. Minutos passaram. Bateram em minha porta. Fiquei tenso. Olho mágico. Surpresa! O boy da locadora com "Os Sonhadores". Vizinhos se entreolhando. Eu sem camisa e de óculos escuros. O boy entra. E fica. Horas depois, extasiado de Bertolucci - até o talo- , saio com mais uma blusa bem cortada e um leve sorriso no rosto.
- E durmam com um barulho desses! Exclama tia Alice, gritando da Janela da sala.
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