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O PARQUE
À noite ele vai ao parque entre o mar e a cidade e o precipício do céu e o abismo do seu eu.
Com toda amabilidade ele joga a rede e fere as águas da noite suave e colhe o que se oferece:
no sentido do relógio, as luzes de Niterói, a escuridão e a Urca e sobre ela o Pão de Açúcar;
depois, pistas de automóveis e em meio a certas folhagens sabe-se lá o que fazem uns atletas quase imóveis;
o Hotel Glória iluminado atrás de um bosque no breu; o monumento, um soldado, e adiante o museu
e a marina; e depois, vindo lá do aeroporto um longínquo odor de esgoto ofende as damas da noite;
e há vultos à beira-mar e amantes à meia-luz e à superfície do mar um azul que tremeluz
e seu desejo encarnado na mão de certo moreno tão cálido e apaixonado que é louco pelo sereno;
e finalmente o que há é a via láctea a jorrar no alto do firmamento e a seus pés sem fundamento.
Antonio Cicero
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