Bibas que divagam (ou - se jogam no The Copa pra aliviar)
Uma biba louca, amigo meu, no alto de seus trinta e cinco anos de pista e aditivos, já não sabe mais o que faz com a vidinha que tem. A bee tá arrasada porque seu ante braço não tá malhado e saliente hoje. Só consegue comer alface crespa e tomar gin tônica. A pele dessa bicha está tão clara que parece que a coitada passou cinco anos enterrada no caixão da Uma Thurman de Kill Bill 2. Tá sem namorado, e não faz comprinhas há duas semanas.
- Hã? Peraí... - Duas semanas sem fazer compras?
Exclama essa bizza aqui, formiga, operária de tv!
- Sabe há quanto tempo eu não compro uma grife meu filho? Acho que o dólar ainda estava em alta e eu não tomava calmantes pra dormir. Nossa... anos!!!
A biba, completa assustada:
- Eu tô cansada dessa vida. Acho que vou me matar. Nada faz sentido.
- Hahahahhahahahahahhaha. Não agüento você bee! Você não trabalha, vive de rendas da falecida (a falecida é a mãe dele, gente), ferve da noite de quinta a de domingo, tá sarada - branquela mas sarada - , viaja duas vezes por ano pro exterior, não deve a ninguém e ainda mais... tem amigos lindos e dedicados. Pára de show e diz pra mim o que mais você quer da vida?
A bicha para, pensa, encolhe os olhinhos esverdeados que a falecida lhe deixou e joga na minha lata amarelada tudo que a aflinnge:
- Eu quero o delicado da vida, como disse o Jean. Quero aquilo que não se compra com sorriso, não se ganha de graça, e não vende na boutique mais cara de Paris. Quero entender o porquê das coisas. Quero solucionar a solidão tão grande do homem. Quero respostas às minhas perguntas, quando eu as fizer ao vento. Quero entender verdadeiramente, por que mesmo na pista mais quente e colorida eu me sinto tão só. Eu quero ser atendido prontamente por esse cara tão poderoso que vocês veneram tanto.
Estupefato com a densidade da biba:
- Bee, você já tomou o seu prozac, hoje? Tá estudando Filosofia? Tá com alguma doença grave? Brigou com aquele carinha da academia de novo?
Silêncio. E eu continuo.
- Adrian, eu gostaria de responder as suas dúvidas querido. Eu gostaria de ter respostas para as minhas. Mas não posso. Estou de mãos atadas em diversos assuntos. Sou refém do silêncio assim como você. E não estamos sós. Vem comigo, vamos pro The Copa ouvir Sophie Ellis Bextor com "Murder On The Dancefloor" e fechar os olhos de mãos dadas. Vamos esquecer tudo. É o que nos resta.
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